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quarta-feira, 7 de abril de 2010

Tanta água lá e aqui tão pouca.



Rio de Janeiro, 7 abr (EFE).- O Rio de Janeiro amanheceu hoje procurando os 60 desaparecidos deixados pelas chuvas e pelos deslizamentos que resultaram até agora em 113 mortos no estado e se pergunta onde está o plano de contingência prometido por diferentes autoridades há mais de quatro décadas.

Enquanto a cidade do Rio e sua área metropolitana tentam voltar à normalidade após o caos vivido nesta terça-feira, quando a região ficou paralisada por um aguaceiro de mais de 24 horas, os bombeiros e outras equipes de emergência escavam a terra desprendida das encostas em busca dos desaparecidos nas avalanches.

A cidade mais afetada pela catástrofe foi Niterói, situada frente ao Rio de Janeiro, na boca da baía de Guanabara, e onde o número de mortos chegou hoje a 54, segundo os números oficiais.

No próprio Rio foram registradas 43 mortes, e outras 12 na cidade vizinha de São Gonçalo e em Nilópolis, Engenheiro Paulo de Frontin, Magé e Petrópolis.

O prefeito de Niterói, Jorge Roberto da Silveira, declarou estado de calamidade pública e luto oficial de uma semana. Ele calcula que a Prefeitura necessitará de 15 milhões de reais para realojar as 2.025 pessoas que perderam suas casas.

"Onde está o plano de emergência?", questionam hoje os principais meios de comunicação, ao se referir à falta de preparo das autoridades para fazer frente a uma tragédia que se repete periodicamente, ultimamente com mais frequência.

Apesar da quantidade de chuva que caiu no estado do Rio de Janeiro entre a segunda e a terça-feira ter sido o dobro do esperado para todo o mês de abril, as mortes por deslizamentos de terras em bairros pobres quando há chuvas fortes não são uma novidade.

O governador Sérgio Cabral afirma que a gravidade da tragédia se deve a força da tempestade, que superou as enchentes que castigaram o estado em 1966, 1988 e em 1998, quando também foram registrados grande número de mortes devido as precipitações.

Cabral, que governa o Rio há três anos, atribuiu a tragédia aos Governos anteriores que permitiram o crescimento das favelas em áreas montanhosas consideradas de risco.

Apesar dos antecedentes, o Rio de Janeiro, uma cidade espremida entre o mar e as montanhas e em onde a água da chuva corre com força pelas encostas, não conta com um plano de contingência para este tipo de caso nem com uma política de realocação das casas que estão em áreas de risco.

"Os administradores públicos têm que levar em conta que não é possível permitir que as pessoas ocupem áreas inadequadas para viver. É preciso revisar isso", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao atribuir também a responsabilidade a seus antecessores.

Dos 646,6 milhões de reais que o Governo nacional distribuiu ano passado para municípios com programas de prevenção contra desastres, o estado do Rio de Janeiro só recebeu 1%.

A maioria dos recursos foram destinados à Bahia, sem problemas tão graves com as chuvas, mas onde Geddel Vieira Lima, ministro de Integração Nacional até semana passada, tem um eleitorado forte.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que também atribuiu a responsabilidade a administrações anteriores que permitiram o crescimento das favelas nas encostas, só realocou 800 famílias que vivem em áreas de risco desde que assumiu o governo há 15 meses.

Como sempre, a maioria das vítimas desta nova tragédia são precisamente os habitantes das favelas construídas em zonas montanhosas consideradas de risco.

Apesar da chuva ter dado uma trégua na manhã de hoje e o sol ter voltado a aparecer por momentos em algumas partes da cidade, Paes alertou que ainda há riscos de novos deslizamentos.

Os meteorologistas prevêem que as precipitações continuem até quinta-feira, embora já não com a intensidade de segunda.

O Rio começou a voltar hoje a normalidade. O transporte público operava sem problemas e o comércio e escritórios voltaram a funcionar.

A água que cobria parcial ou totalmente as ruas e dificultava a circulação dos veículos desapareceu e só ficaram algumas poças, apesar de algumas vias permanecerem bloqueadas.

Segundo o último boletim da Defesa Civil, além de haver resgatado 113 mortos e atendido 104 feridos, as equipes de emergência conseguiram salvar com vida 135 pessoas. EFE

fonte - G1

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