Geopolitica - O papel da China.
Por Antonio Renato, Professor de Historia
A Republica popular da china, de uns tempos prá cá, tem sido mostrada de duas formas: uma, sob a ótica da grande mídia, sensacionalista e acrítica, sustenta-se apenas na ostentação, ou seja, da exposição de grandes obras que uma após outra vão surgindo naquele pais ( trem bala, maior ponte do mundo, etc); pretende-se fazer neutra, como se a grande nação asiática fosse desligada das coisas da vida, da história enfim, e nesse sentido visa mais confundir do que elucidar. A outra faz uma abordagem mais fundamentada, que sob a égide da história pretende trazer à luz as verdadeiras causas do protagonismo chinês.
Na segunda metade do século XIX, vivíamos uma conjuntura mundial onde a chamada fase imperialista do capitalismo dava seus primeiros passos. Países como Inglaterra, frança e Alemanha, só para citar alguns, realizavam a divisão do mundo conforme seus interesses, que às vezes até se chocavam. Na Ásia a china era uma das vitimas; a Inglaterra, então, a maior nação capitalista, sem nenhum pudor, impôs duas guerras (guerras do ópio-1840 e 1856) ao povo chinês, visando força-lhe o consumo do ópio; as outras nações imperialistas não se fizeram de rogadas e embarcaram na grande empreitada. Resultado: a china era obrigada a fazer tratados comerciais, que claro lhes eram desfavoráveis. A china então era uma monarquia.
Já no século XX, o partido nacionalista, chamado de Koumitang, proclamava a republica, que a rigor não alterou essa situação, agravada que foi durante o período pré-2ª guerra quando se deu acupação de parte do seu território pela então nação expansionista e imperialista da Ásia: o Japão. Nessas condições é que surge a figura de Mao Tsé-Tung, o grande timoneiro, líder do Partido comunista, fundado em 1921, que a partir do final da década de 40 passa a comandar a famosa “ grande marcha” que ao seu final em 1949, depois da guerra civil com os nacionalistas, realiza uma das maiores revoluções do século XX, a revolução chinesa.
A partir daí a china começa a construção de uma nova sociedade, que a história mostrou cheia de dificuldades, como, aliás, todo na vida que se mostra novo, mas tendo sempre como norte o bem estar e a autodeterminação de seu povo. Várias foram as idas e vindas, afinal as condições históricas objetivas, de grande nação continental e populacional, tornavam a tarefa de construção dessa nova sociedade extremamente difícil. O grande salto para frente e a revolução cultural de 1966, são exemplos dessa primeira fase, agravada que foi pelo rompimento do bloco socialista.
O período seguinte, iniciado após a morte de Mao, em 1976, é marcado pelas condições que vão desembocar na atual prosperidade econômica e inserção da china nas relações internacionais. Conceitos, como por exemplo, de economia de mercado passam a fazer parte do modelo então adotado, que tem sua gênese na direção política de outro grande personagem da historia recente da china, Deng Xiaoping. Crescimento econômico a taxas media de 10% ao ano, introdução de outros tipos de propriedade, funcionamento de empresas de economia mista, sem, no entanto abandonar a direção e predominância estatais, são alguns dos componentes que marcam a chamada via chinesa para o socialismo, também chamado de socialismo de mercado, que vão tornar a expressão “taxas chinesas de crescimento”, sinônimo de pujança econômica em qualquer lugar do globo, inclusive no Brasil, muito utilizada então pela nossa candidata a presidente Dilma Roussef na sua campanha. Detalhe: Tudo isso, comandado pelo Partido Comunista Chinês, que esse ano completa seu 90º aniversário.
De nação subjugada á segunda economia do mundo, que tem suas exportações baseadas em manufaturados e produtos eletrônicos, potência esportiva, com o maior exercito do mundo e possuidora da tecnologia nuclear. Alemanha, Inglaterra, frança e o Japão já ficaram prá traz. Alguns especialistas insuspeitos vaticinam: entre 2020 e 2050, um tempo relativamente pequeno em termos históricos, a china ultrapassará a grande nação belicista, que gasta o PIB do Brasil só em armas, intervencionista, dominadora dos povos e polícia do mundo, os EUA. Logo a china, Estado assumidamente de caráter socialista, que em nenhum momento se desvinculou da base teórica marxista, somada as suas particularidades e costumes milenares.
Essa realidade a grande imprensa não suporta e diante de tão espantosa façanha tergiversa, não informa, tentam confundir descaracterizando o caminho para o socialismo determinado e seguido por aquele povo; querem decretar o fim da historia, e nesse caso a humanidade não poderia almejar outra formação social, política e econômica. Afinal de contas, o antigo império do meio, não faz parte da civilização ocidental, judaico-cristã; é uma afronta. A condição atual da china é um feito monumental, produto da condução criativa do PCC que soube interpretar sem dogmatismos a base teórica de seu projeto nacional, o marxismo. Quem assim não encara o que acontece naquele pais ( e muita gente que se diz de esquerda surfa nessa onda) ou esta mal intencionado ou perdeu o carro da história.
2 Comentários:
Fran Louise:
Agradeço muito por este artigo, eu estava precisando.
Valeu!
Renato representa a expressão da intelectualidade grossense. Imagine se nós tivéssemos pessoas de uma visão poítica como esse meu admirável amigo em nossa terra. Com certeza os rumos do processo histórico de nossa terra teria outros destinos. Ouvir num bate papo nosso amigo Renato, é ter o privilégio de assitir uma boa aula de história sem precisar frequentar a sala de aula. Parabéns meu caro e companheiro Renato!
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