Reciclagem, uma prática antiga.
Nos dias atuais o que mais se
fala é de aproveitamento ou reaproveitamento, a famosa reciclagem.
No meu tempo de jovem conheci um
cara que já realizava essa prática com bastante eficiência, eficiência até de
mais da conta.
Um exemplo de pura reciclagem
desse cara foi no uso de sua rede. Nos tempos de Grêmio Estudantil, esse cara
levava essa rede para todos os encontros. O tempo passava e depois de muitas
idas e vindas, já por volta de 5 anos de uso, com o pano bastante gasto a rede
rascava, não era problema, uma costura ali, outra aqui e com um ou outro
remendo, a rede ainda aguentava mais um ano.
Depois da troca de punhos
(cordão) a rede chegava ao fim. Aí começava a reciclagem. Primeiro a rede se
transformava em lençol, com o uso de mais um ano e muitos rasgões ele se
transformava em toalha, mais um ano e já sem cor, se transformava em pano de
chão. Com o tempo de vida contado, o pano de chão que mais sujava do que
limpava, virava bucha para queimar e fazer fumaça para espantar muriçoca.
De uma rede a bucha de fumaça, um
caminho cheio de história e reciclagem. Assim foi a vida de uma das redes de um
integrante do Grêmio Estudantil dos anos 80.
Talvez alguém que não viveu esse
tempo ache que é exagero, mas não é não. Esse tempo foi o tempo em que toalha
só havia uma em uma casa (hoje cada membro de uma família tem a sua), tempo de
sair pra atirar em passarinho de baladeira, passar o dia e chegar a casa com a
barriga cheia de canapum, melão caetano, fruta de xiquexique e coração de beija
flor. Correr de pé no chão com as chinelas “enfiadas” nos braços, brincar de
roladeira, transformar uma lata de
sardinha em um carrinho de carregar areia, brincar de pião, fura chão, batelão
e a noite de cai no poço e passe o anel.
Tempo de inocência, tempo de
colocar borra de café em corte de vidro, tomar mastruz com leite para curar
gripe, comer coco com rapadura para saciar a fome, ir à praia a pé, atravessar
o rio e andar de bananeira para fazer o gela. Tempo de sonhar em possuir uma
bicicleta, assistir o “homem biônico”, “As Panteras”, “Os Gatões”, “rin-tim-tim”
e outras séries e isso quando encontrava uma casa aberta com televisão e que a
posição da antena estivesse apontada para o lugar certo.
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