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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

CAERN: O CANTO DE SEREIA DA PRIVATIZAÇÃO


Por Antonio Renato, professor da E. E. Cel. Solon.

A cada ano uma situação vem se tornando recorrente no nosso município: o agravamento dos serviços prestados pela Caern. A irregularidade na distribuição de nosso mais precioso bem, revolta a comunidade que se vê impotente diante de tal situação. Nesse momento as forças políticas despertam. Cada uma apontando possíveis soluções, fundamentadas nas suas visões de mundo, às vezes até bem intencionadas, mas que pecam por uma lógica imediatista, desprezo pela realidade sócio-econômica da população e uma aplicação das leis do mercado num setor altamente estratégico que é a captação, tratamento e distribuição de água.  

As empresas estatais ou de economia mista, como a caern, historicamente tem duas funções: uma visa substituir o papel das burguesias nacionais no desenvolvimento das nações, como é o caso da era Vargas, quando criou a CSN, a Vale do rio doce, o BNDES e a PETROBRAS; sem a ação das empresas estatais, o Brasil certamente não . . . 


teria o nível de industrialização que o coloca atualmente na condição de um destacado país do grupo dos emergentes; a outra e não menos importante, refere-se ao fornecimento de serviços vitais como água, luz, pois nesse caso não deve prevalecer a lógica do capital, ou seja, o lucro a todo custo.

Caracteriza-se aí uma função social, procurando atingir as populações de baixa ou nenhuma renda. Portanto, o argumento da privatização, que tem seduzido muita gente boa, ao contrário do que muitos pensam, baseados numa visão simplista, nem de longe é a solução para os problemas de fornecimento de água que atinge nosso povo.

Empresas como a Caern, possuem a marca da ineficiência e do desprezo pelos seus clientes. Isso é verdade. Mas é preciso usar da honestidade e revelarmos a que se prestou a companhia nas mãos de sucessivos governos comandados pelas oligarquias que tristemente se sucedem no comando do estado, e que em última análise é responsável por essa situação. 

A Caern, como de resto os órgãos estaduais afins, serviram como instrumento de formação de bases eleitorais para as famílias que governam o estado e seus comandados nos municípios. A ausência de concursos públicos, durante as primeiras décadas de sua existência, impedia a formação na empresa de um quadro de funcionários de caráter mais profissional. 

E mesmo com a obrigatoriedade dos concursos, a empresa continuou sendo utilizada para acomodar “protegidos” nas funções administrativas. Criou-se na empresa uma verdadeira “casta” de funcionários privilegiados, a porção ineficiente e sanguessuga da companhia, que não tão nem aí para os problemas da população, e que na verdade não passam de “cães de guarda” desse povo em períodos eleitorais. 

Nesse sentido, o problema não é a natureza da empresa, que tem no governo seu acionista principal, mas no uso político-eleitoral que esses grupos fizeram dela. Esse mesmo pessoal, não por acaso, dentro de uma abordagem neoliberal do problema, defende o Estado mínimo, a privatização selvagem e descontrolada e a supremacia do mercado. É o laissez-faire, laissez-passer no fornecimento dos bens públicos.

A Caern precisa continuar pública e ao mesmo tempo ter características de empresa responsável e ganhar o respeito da sociedade; isso não constitui algo impossível, até por que nos seus quadros existem funcionários valorosos e competentes, que se preocupam com a população e que merecem todo o nosso apoio e respeito. É um problema político, portanto depende de quem está no comando do estado remover esse entulho “politiqueiro” da empresa que se dissemina por todo seu corpo. 

Não me parece que a orientação política estadual atual esteja disposta a isso, afinal de contas ela, como as outras oligarquias que historicamente governam o estado, formaram seu patrimônio político-eleitoral por meio dessa prática. 

Assim como outras empresas, a caern na verdade precisa criar capacidade de investimento, melhorar seus serviços e assim criar condições de atender as demandas da sociedade no que se refere ao abastecimento d´água.  E pra fazer isso, sem priorizar a idéia do lucro, empresário nenhum tem disposição, só o Estado, pela sua natureza histórica, é capaz.

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