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domingo, 1 de abril de 2012

“Justiça na Praça” – O lado positivo e o negativo.




Vou falar de dois lados, um lado que toda imprensa mostrou e o outro que – não sei por qual finalidade ou objetivo – não foi mostrado.

A justiça na praça é sim justiça, vem cumprir leis que a própria população não conhecia e que, aos poucos começa a conhecer, como por exemplo o casamento gratuito, com esses novos conhecimentos, acredito que as pessoas antes de se “juntarem” devam querer oficializar essa união com uma certidão.

Documentos gratuitos como CPF, RG, 2° via, enfim, tudo graça, isso se chama cidadania. Buscar uma valorização do próprio povo, pois muitos ainda acham que tirar seus documentos é coisa do outro mundo e a justiça na praça mostra que não tem nada de outro mundo, muito pelo contrário, quando se quer, dentro de uma hora você consegue todos os documentos, e logo deixa de ser anônimo.

Mas há outro lado, não da justiça em si, mas do evento que chamou-se Justiça . . .


 na praça realizado na cidade de Areia Branca na ultima sexta –feira (30). Neste,  em um dos atendimentos a coisa foi séria, e aqui é bom que se diga, eu participei, portanto tenho autoridade pra falar.

Na fila para se obter o CPF, apesar de no inicio – logo pela manhã – apresentar uma grande fila, 100 metros ou mais, a espera não foi tão cansativa, pois a obtenção do mesmo era rápido, tanto é que ao meio dia não apresentava mais fila, você chegava e em 5 minutos saía com seu documento.

Entre um atendimento e outro, casamentos, assinaturas de futuras construções, discursos de "grandes" autoridades, música, arte, show. Até aqui uma maravilha. A imprensa toda com seus olhos focados nesses acontecimentos. Mas esta - a imprensa - não viu o problema ou sentiu.

O problema que me refiro foi para se obter o R.G ou a Identidade. Aqui viu-se de tudo. De tudo que é injustiça e que passou desapersebido pela imprensa de Areia Branca. Pense em uma contradição.  

Para começar algumas pessoas que chegaram pela manhã só saíram as 16h: 10min, este foi meu caso, mas lembro que quando sair, ficou um monte ainda “brigando” para entrar. Outro detalhe não menos injusto, foi o local, este não tinha sombra e a medida que o sol se aproximava do centro do céu, o castigo aumentava, não é a toa que alguns alunos que estavam sobre minha guarda ficaram bronzeados em excesso, eu mesmo, por está sempre a vigia-los fiquei, como se diz, “preto” de tanto levar sol, hoje minha cabeça dói ao passar o pente.

A cada hora que aproximávamos do portão de entrada do prédio, olha que injustiça, a coisa ficava mais difícil. 

O “ruge ruge” de gente no portão, gente se espremendo e tomando a frente dos outros, uma criança desmaiou – não era por menos – um rapaz agrediu e ameaçou um dos agentes verbalmente, a polícia foi chamada para colocar ordem e nós ali, num mundo que não era muito comum as “minhas” crianças.

Desistir, chamei várias vezes elas para ir embora, mas alguns estavam compenetrados a pegarem o que vieram buscar, eu respeitei.

12h:30min, levei alguns para almoçarem, outros preferiu apenas merendar – um copo de suco e um pedaço de bolo – e após a renovação de energias, um dos alunos disse:
 - Professor, só vou embora quando conseguir minha identidade!

Respondi-lhe na “bucha”.
- E eu quando você for.

Voltamos a batalha, o sol de rachar, apenas uma arvore para dezenas de pessoas, a briga por espaço era ferina.

Nessas alturas quem ia conseguindo eu os orientava para irem embora, esses pegavam a balsa sem pestanejar.

E assim foi até a menina Claudia, esta ficou, ficou e por fim entrou, esperei, esperei e às 16h: 10min ela finalmente deu o ar da graça e saiu, espremida no meio dos que tomavam a entrada, mas saiu, pode acreditar, sentir um alívio que só Deus viu. Coloquei ela embaixo do braço e disse-lhe:
- Vamos, vamos para casa e por favor, nem olhe pra trás.

Sair de Grossos com destino a Justiça na Praça com dezesseis alunos na balsa dás 7h:30min, alguns conseguiram outros não. O interessante é que logo cedo ao pegar a balsa, falei para o balseiro:
- Estou com 16 alunos de escola pública indo tirar documentos na Justiça na praça para poderem fazer a inscrição no Prointec, dar para cobrar apenas R$ 1,00 por cada?

Ele nem respondeu, apenas sorriu como se desfazendo.
 
Na volta quando ele me viu, percebir ele zombando de mim com um colega por eu ter feito tal proposta.

É, eu nem precisava ter ido, mas fui.
E você, contribui em quê para melhorar o país? 

Bom, mas que fique a dica, na próxima Justiça na Praça, que as milhares de pessoas sintam realmente o gosto nobre da justiça sem precisar sofrer tanto e que - pelo amor de Deus - venha também para Grossos.

1 Comentário:

Antonio Renato, professor de história. disse...

Ademais de tudo que você relatou colega, sinceramente, essa tal "justiça na praça" me parece uma ação assistencialista,espécie de refugo, que rigorosamente não muda a imagem que a justiça construiu em nosso país.No geral,é um poder elitista,uma casta,lento e draconiano para as classes trabalhadoras, avesso a soberania popular e seus integrantes se consideram verdadeiros deuses do olimpo; não admitem,sob hipótese nenhuma um controle exterior, com raríssimas exceções, voçê se depara com um magistrado que "desce" ao mundo de nós pobres mortais.

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