Travessia Areia Branca/Barra, atividade desde o tempo dos nossos avós.
Atravessar de
Grossos para Areia Branca já passou por alguns estágios. Primeiro era em barco
a vela, depois surgiram às lanchas de Zé Siliro e Edimilson, esta ultima era
guiada por Zé de Botinha. Além das lanchas, quem também fazia essa travessia era
a Bateira (“baitera” chamamos) de Expedito Aquino, este tinha a “baitera” mais
bonita, fogosa e veloz da época. Expedito era experiente ao ponto de conhecer
as artimanhas do vento e chegar a Areia Branca em poucos minutos. As lanchas e
a “baitera” se foram e hoje em seus lugares temos as balsas.
Uma mudança boa
e significativa para o comércio, pois além de pessoas, as balsas transportam
grandes cargas e veículos. No entanto perdemos no conforto das pessoas. Nas
lanchas íamos sentados e protegidos do sol e da chuva, já as balsas são
projetadas para o trafego de veículos, as pessoas se amontoam em uma pequena
sombra (em baixo da cabine).
Na travessia de
Barra/Areia Branca esta pratica continua do mesmo jeito há décadas. Aqui a
única evolução foi que alguns barcos (botes) não mais usam velas e sim, motor.
Em outras
épocas, muitos de nós, ao voltar para Grossos escolhia ir de barco para à Barra
e depois seguir a pé para Grossos. Esta decisão vinha da longa demora que se
dava para que as lanchas chegassem à Areia Branca. Nesse tempo não havia
horário determinado, no geral a lancha só saia do caís (Grossos e Areia Branca)
quando estivesse com muitos passageiros, a demora portanto era inevitável,
tanto na ida como na volta. Sorte era quando coincidíamos de chegar no cais na
hora que a lancha estava pra sair e se perdêssemos a hora, era rezar para a
próxima viagem.
Em inicio de mês
acontecia outro problema, devido ao grande número de pessoas – aposentados,
pensionista e funcionários públicos estaduais – que se dirigiam ao Banco do
Brasil de Areia Branca para receberem seus salários, a lancha não tinha espaço
para todos e alguns ficavam esperando ela ir e voltar, horas e horas de espera.
Conta-se que Rafael
(Fael), em uma dessas viagens de início de mês, chegou um pouco atrasado e a
lancha já estava quase de saída e procurou logo entrar. No caís já tinha gente
que desistira, pois a lancha já estava superlotada.
- Ei, espere um
pouco, eu vou também! Gritou Fael.
Uma pessoa
esbravejou da lancha. -Não cabe todo mundo não!
Fael respondeu
na “bucha”- “Apois” pronto, da certim, eu não sou todo mundo. E pulou dentro da
lancha.
Rafael ou Fael, como chamávamos,
era um pessoa muito querida por todos.
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