Casa da Farinha.
Houve um
tempo que plantar significava mandioca, que festa significava colheita e que
alegria significava farinha.
Pois é,
até meados dos anos 80 farinha não se encontrava em qualquer comércio e mesmo
assim, se vendesse não tinha muito valor, pois a farinha do nosso povo era
feita com as próprias mãos e com a própria matéria prima.
Nesse
tempo além de melancia, batata e feijão, os agricultores de A. Alvas plantavam
mandioca, plantação que era aguardada com muito carinho.
Após a
colheita a mandioca era levada para essa casa, A Casa da Farinha. Aqui muitas
famílias se reuniam para a produção da farinha que era produzida coletivamente
e que digas de passagem, a de hoje que compramos em alguns supermercados “não
chega nem aos pés.”.
Primeiro,
ao redor de uma grande montanha de mandioca, muita gente se reunia para o
descasque da matéria prima, as mulheres faziam com muito esmero essa tarefa.
Depois disso entrava o trabalho pesado e os homens entravam em ação.
A
mandioca descascada era primeiramente moída e em seguida espremida com as
próprias mãos. O “leite” que era muito ofensivo era totalmente eliminado da
mandioca. Após ser espremido, era prensado com uma maquina manual e o que
restava peneirado e finalmente jogado em cima do forno (em forma de uma grande
tacha).
Aqui
entrava em cena o forneiro, este ficava com um rodo mexendo a farinha até dá o
ponto.
A farinha
era tão boa que dava para comer pura, sem nenhuma mistura.
O “leite”
era colocado em uma bacia para que ocorresse a decantação, onde em baixo ficava
o pó (goma, fécula) e em cima apenas a manipueira (altamente danoso ao ser
vivo).
Com a
goma eles faziam o grude, a tapioca e o beijú.
Com os
tempos modernos a Casa da Farinha foi esquecida, afinal comprar farinha é a coisa
mais fácil do mundo nos dias de hoje.
Uma
dessas ultimas relíquias se encontra sobre a proteção do senhor José Manuel de
Souza Filho, na comunidade de Areias Alvas.
Seu José,
que é conhecido como Dedé, lembra os bons tempos, tempos de fartura e muita
alegria. Hoje seu Dedé trabalha como soldador, marceneiro e tudo mais (como ele
mesmo disse) e cria algumas criações e vacas.
Taí a
história da Casa da Farinha. Tempos não só de fartura, mas principalmente de
união entre as famílias.
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