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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Casa da Farinha.



Houve um tempo que plantar significava mandioca, que festa significava colheita e que alegria significava farinha.

Pois é, até meados dos anos 80 farinha não se encontrava em qualquer comércio e mesmo assim, se vendesse não tinha muito valor, pois a farinha do nosso povo era feita com as próprias mãos e com a própria matéria prima.

Nesse tempo além de melancia, batata e feijão, os agricultores de A. Alvas plantavam mandioca, plantação que era aguardada com muito carinho.


Após a colheita a mandioca era levada para essa casa, A Casa da Farinha. Aqui muitas famílias se reuniam para a produção da farinha que era produzida coletivamente e que digas de passagem, a de hoje que compramos em alguns supermercados “não chega nem aos pés.”.

Primeiro, ao redor de uma grande montanha de mandioca, muita gente se reunia para o descasque da matéria prima, as mulheres faziam com muito esmero essa tarefa. Depois disso entrava o trabalho pesado e os homens entravam em ação.

A mandioca descascada era primeiramente moída e em seguida espremida com as próprias mãos. O “leite” que era muito ofensivo era totalmente eliminado da mandioca. Após ser espremido, era prensado com uma maquina manual e o que restava peneirado e finalmente jogado em cima do forno (em forma de uma grande tacha). 

Aqui entrava em cena o forneiro, este ficava com um rodo mexendo a farinha até dá o ponto.

A farinha era tão boa que dava para comer pura, sem nenhuma mistura.

O “leite” era colocado em uma bacia para que ocorresse a decantação, onde em baixo ficava o pó (goma, fécula) e em cima apenas a manipueira (altamente danoso ao ser vivo). 

Com a goma eles faziam o grude, a tapioca e o beijú.

Com os tempos modernos a Casa da Farinha foi esquecida, afinal comprar farinha é a coisa mais fácil do mundo nos dias de hoje.

Uma dessas ultimas relíquias se encontra sobre a proteção do senhor José Manuel de Souza Filho, na comunidade de Areias Alvas.

Seu José, que é conhecido como Dedé, lembra os bons tempos, tempos de fartura e muita alegria. Hoje seu Dedé trabalha como soldador, marceneiro e tudo mais (como ele mesmo disse) e cria algumas criações e vacas.

Taí a história da Casa da Farinha. Tempos não só de fartura, mas principalmente de união entre as famílias.










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