redirecionamento

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Fogos de Artifício




Vou contar-lhe, caro leitor, uma cena que me ocorreu certo dia.
Era época de eleição em minha cidadezinha de mais ou menos dez mil habitantes, eleição para prefeito, onde os comícios ocorriam nas quartas, nos sábados e nos domingos. Havia dois candidatos e entre eles, como não pode ser diferente em comunidades pequenas, muita rivalidade, chegando aos extremos, como os vários casos de brigas, não entre os candidatos, estes só se guerreiam em cima dos palanques, porém alguns meses depois, passada às eleições, estão lá, fazendo-se elogios, em um mesmo palanque, como se nada tivesse ocorrido, parecendo até irmãos. Estou falando da população, essa sim, quando briga, briga de verdade, vira até rival, vira os protagonista da própria eleição. Conheço histórias de eleitores que eram vizinhos e devido a eleições viraram inimigos ou no mínimo ficaram de mal, amigos desde criança, que nessa época, desaparecem e quando por ventura se cruzam na rua, no máximo o que ocorre é um oi, famílias que por algum motivo partidário se divide e quando a política passa, o ambiente nunca volta a ser o mesmo de antes e isso permanece durante um bom tempo, só volta a ser o mesmo clima se por acaso em uma outra campanha toda a família resolver apoiar um candidato comum, isso é o lado bom, a política tanto pode afastar pessoas como unir-las.
Antes de contar a tal cena, quero também lembrar dos fogos de artifício – principal personagem desta história – uns de três tiros, outros de sete e ainda outros de doze tiros, que quando disparados faz uma barulheira dos diabos. Há também aqueles que enfeitam o céu, quando explodem, com cores e formas variadas, que nos fazem olhar para cima e agir como se fossemos crianças, abrindo a boca e exclamando quase por inocência;

_ háaa, como é lindo! Vejam só, até nisso os aspirantes a cargo eletivo capricham, no outro dia, logo sedo nas esquinas, estão os comentários:
_ O comício de fulano estava mais bonito, era tantos fogos! No que um logo rebate:
_ É, mas no outro tinha mais gente, era três por um! Pronto, estava formada a discursão, que atrai mais e mais curiosos e após muita saliva gasta, com um tentando convencer o outro de quem já ganhou, ou seja, quem tinha mais gente no comício, vai chegando a hora do almoço e as pessoas vão se dispersando, cada um para um lado, sem de maneira alguma haver vencedor, ou quem sabe, cada um cada vez mais convicto em quem votar.
Bem, agora tudo lembrado e explicado, vou contar finalmente o drama que prometi contar.
Estava eu descansando de mais um dia de comício, isto é, de mais uma noite de muito pula-dança, caipirinha, cerveja, refrigerante, água, já ganhou e, claro, muita poeira na cara, quando acordo com uma barulheira das grandes, era os benditos fogos, nesse caso, malditos fogos de doze tiros, aqueles que saem onze tiros iguais e o último é o mais forte, chega dói no ouvido. Pense em uma coisa que eu odeio, não os fogos, acho até aplausível, mas a falta de educação, de respeito para com as pessoas. Soltar fogos em comícios, festas, comemorações, aniversários é uma coisa, mais soltar fogos às cinco horas da manhã é outra completamente deferente. Ainda mas quando a gente está, como se diz por aqui, no terceiro sono, quem solta, a meu ver, é simplesmente digno de cadeira elétrica, talvez você até ache exagero de minha parte, mas pense nos recém nascido, nas crianças, nos idosos, nos enfermos, não, definitivamente isto não podia ficar assim, tinha que tomar uma providencia.
Ainda meio zonzo, levantei-me da cama decidido a acabar com aquela zoeira, abrir a porta, o dia já estava clareando, olhei em direção de onde provavelmente tinha saído os fogos e partir para o tudo ou nada. Duas casas depois da minha, vir duas pessoas acocoradas na calçada, me aproximei assente do que ia fazer, não queria nem saber se era do mesmo lado ou contra meu candidato, ia, como diz o ditado, me desmantelar agora. Então, com voz firme, perguntei:
_ Quem de vocês teve a petulância de soltar esses fogos a esta hora da manhã? Levantou-se um negão, de mais ou menos um metro e noventa de altura e respondeu-me:
_ Foi eu, por quê? Olhei para ele, isto é pra cima, para os lados, eu que tenho um metro e sessenta, respondi-lhe sem pestanejar:
_ Será que ainda vão soltar? Lógico que essa pergunta fiz com um tom mais camarada do que do início. Então, com um tom ameaçador ele repetiu:
_ por quê? A essas alturas eu já tinha me acalmado, estava mais tranquilo, mais calmo então concluir:
_ É nada não, é porque se ainda forem soltar, quero assistir, pense num negocio que gosto de ver!
Antes dos leitores concluírem que fiquei com medo de encarar o negrão, quero que saibam que o diálogo ainda é a melhor maneira de resolver um problema. Além do mais, não gosto de briga, ainda mais com uma pessoa de quase dois metros de altura e finalmente, sim, fiquei e daí, se fosse você encarava?

Seja o primeiro a comentar

Grossos ©Template Blogger Green by Dicas Blogger.

TOPO